Coluna escrita por mim no dia 16/09/2005 no jornal O Diário.
Abaixe o som, por favor !!!!!
A sua liberdade termina quando a do próximo começa. Essa “lei” muitas vezes é ignorada por algumas pessoas. Indo para o trabalho parei num semáforo da Av. Alberto Torres pouco antes das 8 da manhã. Dia bonito de sol e no rádio do carro eu escutava a Educativa FM (diga-se de passagem uma das poucas boas opções em FM em Campos ultimamente) fazendo meu início de manhã leve e tranqüilo quando de repente, um terremoto se sucedeu.
Com uma batida que estremecia meu carro e com letras pra lá de impublicáveis, o automóvel ao lado era um verdadeiro baile funk ambulante, isso tudo antes das 8 horas. Sem titubear, levantei o vidro e esperei ansioso pela abertura do semáforo, que teimava em não ficar verde, numa verdadeira tortura matinal. Não satisfeito, o motorista aumentou ainda mais o volume, como se quisesse me impor seu gosto musical tímpanos a dentro. Quando o sinal abriu, o alívio. Seguimos em direções opostas (graças a Deus!!!).
Dia desses uma Towner, dessas que anunciam eventos, estava a todo vapor no Centro da cidade impondo aos nossos ouvidos um volume sonoro que beirava o insuportável. Sentindo-me incomodado e irritado com a barulheira, dirigi-me ao motorista, que com muita dificuldade de me ouvir não deu a menor atenção ao pedido de baixar o som, seguindo com seu ensurdecedor trabalho via Barão do Amazonas. Mais uma tortura sonora. Vale ressaltar que tais veículos são importantes na divulgação de interesses da comunidade, desde que os decibéis não ultrapassem os limites suportáveis.
Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde, o limite tolerável ao ouvido humano é de 65 decibéis. Acima disso, nosso organismo sofre estresse, aumentando o risco de doenças. Com ruídos acima de 85 decibéis aumenta o risco de comprometimento auditivo (os casos mencionados aqui facilmente ultrapassavam tais limites).
Podemos entender desta forma, que a sociedade moderna vem sofrendo com a forma agressiva, incômoda e principalmente desrespeitosa com que alguns cidadãos fazem uso dos aparelhos sonoros. Compreensível que cada um gaste o que pode e o que não pode com tais parafernálias. O que não aceito é ter que escutar o que eles escutam, sobretudo naquela altura, dá licença!!! Como apreciador, até acho que o rock foi feito para ser ouvido alto, desde que não incomode o meu vizinho.
Desde muito tempo o som vem sendo usado como arma de guerra, a exemplo do toque das trombetas e o rufar dos tambores, para incitar os soldados à luta. Os romanos possuíam um grupo especial de soldados cuja missão principal era produzir ruídos aterrorizantes, destinados a confundir os adversários. Já os chineses, colocavam os prisioneiros em celas cujo completo silêncio somente era interrompido pelo incessante e irritante tique-taque de um relógio, que durava horas, talvez até dias. Uma verdadeira tortura. E o pingar de uma torneira desregulada? Tente imaginar-se numa situação dessas...
Mas...em pleno terceiro milênio estamos sendo vítimas de uma impiedosa tortura auditiva pelas ruas das cidades. É preciso que além de uma fiscalização maior por quem de direito, os proprietários de automóveis em questão, respeitem um pouco mais o ouvido alheio. Não sou contra quem tem carros equipados assim, pois existem até campeonatos organizados que atraem a atenção de um bom público, tudo com bastante organização e num local apropriado.
É preciso regulamentar, e não proibir. Está lá no Artigo 228 do Código Nacional de Trânsito: “usar no veículo equipamento com som em volume ou freqüência que não sejam autorizados pelo CONTRAN: infração - grave; Penalidade - multa; medida administrativa - retenção do veículo para regularização”.
O abuso no uso de equipamentos sonoros, seja lá onde for (até mesmo dentro de casa você pode estar incomodando seu vizinho ao lado com aquele som nas alturas), nada mais é do que uma falta de educação, aumentando dessa forma a responsabilidade dos pais na educação de seus filhos para a convivência em sociedade. Hoje em dia, qualquer menino de 10, 11 anos tem acesso às mais modernas tecnologias sonoras, pois vivemos na era digital.
Viver em sociedade, significa saber compartilhar. Cada cidadão pode e deve contribuir para o bem coletivo, ninguém impõe a outrem uma forma de viver, o que ouvir, o que comer... Todos podemos usufruir do mesmo espaço, parar no mesmo semáforo sem ser incomodado por uma música que não lhe agrade, etc. Tudo isso de uma maneira harmoniosa e civilizada. Educação é a palavra chave!!!
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