quarta-feira, 19 de março de 2008

DIÁLOGOS INCRÍVEIS NO RÁDIO


DIÁLOGOS INCRÍVEIS NO RÁDIO

Na quarta-feira, durante a transmissão do jogo Americano x Cardoso Moreira, voltei vinte e oito anos e me situei em Santo Antonio de Pádua, mais precisamente no Estádio Waldo Carneiro Xavier, também em uma quarta-feira, à noite, em um jogo valendo pela Copa Pádua de Futebol Amador.
Ouvia, nesta quarta, o jogo em uma emissora campista, com companheiros do primeiro time de profissionais da cidade, e me encantava com a vibração do narrador e do repórter, que a cada lance de perigo, salvo pela zaga alvinegra, dizia: “Felizmente a bola passou longe”; “graças a Deus o goleiro Wender está em forma”; “ainda bem que Toninho Andrade acertou o time”. Estas e outras intervenções me remeteram a Pádua e ao jogo entre Paraoquena x Santa Cruz, este da terra do repórter Paulo Joel, responsável maior pelo diálogo que passo a vocês, com autorização do citado radialista/jogador.

- Faltam poucos minutos para começar o jogo, que pode ser decisivo para as duas equipes nesta Copa Pádua. Dizia o narrador Adilson Dutra, da Rádio Feliz, de Santo Antonio de Pádua.

- Adilson! Chama Paulo Joel.

- Fala PJ!

- Esta escalação do Santa Cruz não pode ser verdade. O treinador está totalmente equivocado. Tem que mudar, pois com este time está entregando o ouro ao bandido. Diz o repórter.
O jogo começa e o Paraoquena manda na partida. Passam dez, vinte, trinta minutos e nosso bravo repórter só dizia que estava tudo errado e que felizmente isto, graças a Deus, aquilo. Por volta dos trinta e cinco minutos ele resolveu entrevistar o treinador e este diálogo foi ouvido por toda a região, a Feliz era bem ouvida e Pádua, com seus quinze distritos, estava totalmente envolvida na competição.

- O que o senhor pretende fazer para reverter esta situação? Era Paulo Joel preocupado com o time de sua terra e queria saber do técnico qual seria as mudanças táticas.

- Estou pensando. Tem alguma sugestão? Diz o treinador.

- Tenho sim. Mande o lateral direito colar no ponta deles e o Beto jogar mais aberto pelo lado esquerdo, caso contrário estamos lascados.

E o treinador foi a beira do campo e passou a instrução sugerida pelo nosso repórter. Porém, tem sempre um porém, não deu certo e Paulo Joel voltou ao treinador.

- Eles estão mandando no jogo e nossa defesa está uma peneira. Diz isto sem tirar o microfone da boca e chamando antes de ir falar com o treinador. Claro que todos os ouvintes perceberam.

- Não tenho reservas, o único inscrito é você, mas fica aí tirando onda de repórter e só atrapalha. Se quiser salvar o time vá lá e entra no lugar do Natinho.

A bola continuava a rolar e mais um chamado da pista. – Troca/troca no Santa Cruz.
Era Paulo Joel chamando para anunciar a mudança. – Quem entra e quem sai? PJ.

- Sai Natinho, camisa 3, entra Paulo Joel, camisa número 17.

-Quem entra? Pergunta o espantado narrador.

- Isto mesmo. Entra eu pô.... que é para mudar esta m... de time.

Paulo Joel entrou deu bronca, chamou pelos brios da turma e colocou o coração na ponta da chuteira. No primeiro tempo não deu, mas na etapa final o Santa Cruz virou a partida e fez 4x2 no Paraoquena e foi para a final contra o Marangatu. Paulo Joel fez dois gols, um de falta e outro de cabeça, o que virou o jogo para 3x2, e virou “deus” no distrito onde nasceu.

Texto do amigo e cronista esportivo Adílson Dutra - www.blogdopenacho.zip.net

2 comentários:

xacal disse...

Gustavo, bem-vindo a blogosfera...
Conte com A TRolha...
Abraços, Xacal....

Renato disse...

Muito boa a história.
Um abraço,Renato.